terça-feira, 12 de junho de 2012

A Derradeira Canção dos Pássaros de Fogo - Um texto sobre uma aventura de Changeling, o Sonhar.

Esse texto foi utilizado para finalizar uma saga que narrei, a muitos anos atrás, de uma aventura de RPG de Changeling: the Dreaming, ou Changeling: o Sonhar.

Na aventura um grupo de seres que lutavam para não esquecer sua herança feérica e não tornarem-se banais, consumidos pelo outono das eras, sobreviveram às maiores buscas que os heróis poderiam fazer.

De maneira resumida a aventura foi desenvolvida para eles encontrarem um grupo de pequenas estátuas de pássaros, feitos com vários tipo de pedras diferentes, através de perigos reais, imaginários e políticos. E quando a última ave foi conseguida, elas se uniram e tornaram-se uma grande Fênix, de pedra e fogo, que revelou o "segredo" do jogo.

É importante dizer que para um Changeling, o seu nome real significa a essência básica da existência dessas criaturas feitas de pedaços perdidos de sonhos passados. Nomes tem poder, e quem conhece o nome real deles, controla suas vidas.

Essa foi a última canção dos pássaros de fogo, conforme ocorreu em sessão de jogo:
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Os dias de glória das fadas são longos
Enquanto os heróis continuarem a lutar.
Nós os saudamos guerreiros audázes
Que os tambores por vocês venham sempre rufar.

O sonho dos homens criou vida forte
E a espada mesquinha de alguns a tirou.
Sete pecados que são sete mortes,
Setes senhores que o destino esperou.

Senhores elfos que mataram seus pais
Em tempos sobrios e na traição.
A eles desejamos que não haja mais paz
Seus nomes diremos pois sabemos quem são.

E não apenas como são chamados -
Pois seus nomes reais serão ditos também
Mas tenham cuidado com os nomes sabidos
E que seus corações os utilizem para o bem

Abraão, o forte, da casa Dougal,
Seu nome é Aalard nos dias de luz.
Conspirou com os outros tornando-se mau
Matou seu senhor e agora os conduz.

Alexandre Folha Verde, um conde do norte
Que tornou-se lorde com seu ato medonho.
Em um setembro passado foi mensageiro da morte.
Axeile é seu nome, escrito no sonho.

Carlos o Demente, que de um olho é cego.
Para atingir o seu posto foi preciso matar.
Em conchavo com outros ele disse: "Eu nego" -
Quando foi encontrado, e seu nome é Cadmar.

Daniel o Senhor das Fontes, visto foi ele
Saindo do quarto de seu mestre a chorar.
Dannain é o maldito nome dele,
Que culpou um criado, do conde matar.

Gilson Grande Céu, aquele que ri,
O que não tem medo do que é guardado.
Gaidon é seu nome, gravado aqui -
Em minha memória como foi me contado.

Silvana Doce Véu, a senhora dos ventos,
Aquela que o sonho não há de esquecer.
Traiu sua graça por simples momentos.
Solaberge é o nome que a fez viver.

Úrsula a Bela, do rosto perfeito -
Que seduziu o senhor o qual ela matou.
Ursane é seu nome, assim por direito.
E espera a morte, pois ela o amou.

Assim terminamos esse conto tão triste,
Mas temos certeza de que em boas mãos estará -
O destino de sete, cuja honra em riste
Enfraquece com o tempo pois agora não há -

Sequer um momento que não se sintam fadados
Ao fracasso, ou quem sabe a coisa pior.
Sabemos que heróis como vocês são honrados
E que seu destino será sempre o melhor.

Mantenham-se unidos se assim desejarem,
Ou afastem-se para sempre se for do agrado,
Mas no caso de juntos e glórias abordarem,
Lembrem-se de nós que estivemos ao seu lado.

Do passado nós somos apenas memória.
Guardamos segredos que tentaram esconder.
Não vemos o futuro, mas temos certeza
Que seu destino lhes guarda aventuras e prazer.

Adeus meus senhores não diremos mais nada
Que possa incutir dúvida em sua mente.
Sigam sua vida de maneira inesperada
E que morfeus os aceite no sonhar novamente.
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quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Rastro da Sombra Rubra – Um conto nos mythos de Cthulhu

Não houve sequer um dia em minha vida que aquele terror do passado não viesse à minha frágil mente. Nas horas sombrias da noite, as imagens funestas de meu passado me assombram, com seu rastejar maldito e os sons guturais que permeiam o que ainda sobrou de minha debilitada sanidade.

Passei uma boa parte de minha juventude em uma casa de reabilitação mental, um manicômio, caso queiram usar o jargão popular, minha família não acreditou em mim, nem os médicos ou meus amigos, apenas Samanta sabia que eu dizia a verdade e ela estava em pior estado do que eu, quando nos encontraram.

Já faz três anos que ela morreu e eu agora estou velho e indo ao seu encontro, assim como também me reencontrarei com minha saudosa esposa Odete e meu filho Júlio, que faleceu ainda jovem, devido à pneumonia.

Conto o que aconteceu porquê mais cedo ou mais tarde, quando a noite derradeira se apossar de mim, a fazenda, que é de minha posse, no interior do estado, será passada aos meus descendentes, e eu não desejo que eles entrem naquele terreno amaldiçoado.

A muitos anos eu era um jovem estudante de direito e andava sempre com o mesmo grupo de amigos, também jovens, inteligentes, audaciosos e com uma queda para o estudo das artes ocultas. E foi Milton que encontrou o ídolo de marfim semelhante a um disforme touro com oito patas e cabeça de besouro. Foi ele que invadiu a biblioteca da universidade e durante a noite estudou o profano livro de magias conhecido como De Vermis Mysteriis. E foi Milton que nos convenceu, sem muito esforço devo admitir, a fazermos o ritual de conjuração da entidade que era aprisionada no ídolo.

Todos aceitamos com entusiasmo, mesmo descrentes de que haveria realmente uma entidade naquele pedaço de marfim. Valeria a viagem, a diversão e uma folga dos terríveis afazeres que havia na faculdade. Eu ofereci uma fazenda, de posse de minha família, no interior, para compormos aquele jogo e para lá nos deslocamos.

Tudo era levado com seriedade pela maior parte do grupo. À exceção de Samanta, que estava lá apenas para nos premiar com sua bela aparência e formas esculturais, que ainda possuía uma extrema capacidade de raciocínio e observação.

A noite era perfeita para aquilo que achávamos que seria apenas uma brincadeira. Lua cheia, nuvens distantes e o brilho constante de relâmpagos no horizonte. Desenhamos os símbolos necessários para aquele ritual, acendemos várias velas e nos sentamos na borda dos desenhos. Estávamos em um dos quartos que ficavam no andar de cima da casa principal da fazenda.

Milton iniciou o cântico profano. Em suas mãos estavam as anotações do livro De Vermis Mysteriis. Eram páginas copiadas com paciência, repletas de marcas e guias que não permitiriam ao conjurador, a figura do Rei, a pedra, o sol, de se perder. Milton havia lido exaustivamente aqueles parágrafos medonhos por noites a fio.

A voz de meu amigo era ritmada e as palavras pronunciadas em uma mistura de um latim precário, com passagens em árabe e trechos em uma língua que não eu reconhecia por completo, mas que provavelmente era dos homens de Leng, com sons assobiados e uma melodia ininteligível aos meus ouvidos.

Até aquele momento tudo não passava de uma sombria brincadeira. Samanta soltava discretos risinhos ao meu lado, mas Judite sentia seus ossos doerem. Era possível escutar o chacoalhar de suas pernas, braços e mandíbula. Ela, que obviamente estava naquela situação apenas por gostar de William, perdia suas forças à medida que o tempo passava.

Quanto a mim, eu ainda era um cético com um toque de estranheza. Eu via aquilo como uma grande farsa, um jogo muito bem orquestrado por Milton.

Quando o pequeno ídolo de marfim começou a soltar um constante zumbido, e a luz das velas pareciam se movimentar com um vento fantasmagórico que não soprava e não sentíamos, então sim, comecei a duvidar que meu ceticismo e minha descrença fossem realmente tão arraigadas aos meus conceitos. Um sorriso nervoso brotou em meus lábios, o suor fluía de minhas têmporas e de minhas mãos, tornando-as escorregadias, o que deixava difícil segurar a pequena faca e o pedaço de corda grossa de cânhamo com um nó simples que eu deveria manter firme durante todo o ritual.

O cântico continuava e sua intensidade crescia a cada palavra proferida. Milton era tomado pelo prazer de fazer parte daquele caminho que não deveria ser percorrido. As palavras eram gritadas e os olhos de meu amigo estavam tão abertos que parecia que seus globos oculares saltariam de suas órbitas.

Samanta gargalhava como uma louca, gargalhava de uma forma que não conseguia se conter. Seus dentes expostos em um sorriso macabro, sua respiração trabalhando parcamente entre um surto e outro de risadas histéricas, seus olhos estavam extremamente vermelhos, marejados, possuíam uma aparência demoníaca. Recordo-me hoje, posso dizer, que ela estava fora de si, mas de alguma maneira parecia que pedia ajuda, gritava por socorro, com aquele olhar assustador.

Judite mostrava um comportamento extremo como o de Samanta, mas de outra maneira, ela chorava copiosamente. Chorava tão intensamente que suas lágrimas banharam seu vestido. Seu corpo tremia cada vez mais, de uma maneira que eu jamais havia visto na vida. Eu queria ir em seu auxílio, mas não conseguia me mover, ou não queria me mover, ou tinha medo de me mover, não sei precisar. Ainda vejo em minha mente, agora, mesmo anos depois, como ela colapsou no solo, debatendo-se tal qual uma mulher possuída por seres imateriais. Seus braços e pernas chocavam-se tão violentamente contra o solo que não demorou muito para ouvirmos o som característico de ossos partindo, mesmo com todas as palavras gritadas por Milton. E ainda com os ossos quebrados e berrando de medo e dor, o espetáculo macabro não se findou, pois Judite não se acalmou e continuava em seu embate sobrenatural.

Aqueles movimentos inumanos, próximos do impossível, traziam-me náuseas, que tornaram a profusão do suor mais intensa, ensopando meus trajes, fazendo-me sentir imundo. Minha garganta estava seca, arranhava a cada respiração e o vento inexistente soprava mais forte levando a luz cada vez mais para próximo do ídolo de marfim, que zumbia, zumbia, zumbia e nos deixava loucos.

Segurei com força os objetos que estavam em minhas mãos e busquei ignorar as sombras dantescas que se formavam ao nosso redor. Imagens fugidias de criaturas não nascidas apareciam e desapareciam nas paredes e eu poderia jurar que buscavam mastigar minha alma.

Aquela torrente de informações nos açoitava mais e mais e então o ídolo de marfim tornou-se azulado e depois vermelho e por fim se rachou em cinco distintos pedaços.

Milton cessou seu cântico e deixou seus braços caírem ao seu lado. Samanta conseguiu controlar seus risos histéricos e respirava profundamente, extremamente cansada, enquanto Judite não esboçava nenhum sinal, não se movia, não parecia estar viva. Eu prendi a respiração.

Foi quando vimos que Judite começou a se movimentar, contudo ela se movimentou de uma maneira inimaginável, e mesmo naquela luz bizarra percebemos que seu corpo inerte era levantado ao ar por presas obscuras, de formato duvidoso, mas com força suficiente para arrancar grandes nacos de carne do corpo de Judite.

O grito que Samanta proferiu ao ver nossa amiga ser devorada nos despertou daquele torpor de assombro. Segurei o braço de Samanta e a puxei para fora da casa. Não tenho vergonha de dizer que eu estava apavorado, que o medo que eu sentia daquele mal sobrenatural me deu forças para correr daquele lugar maldito.

O desespero então se apossou de mim. Olhei para trás uma vez e vi a sombra disforme que se movimentava de uma maneira completamente diferente do que eu já havia visto. Havia patas que patiam no solo como o tambor tocado por mil homens condenados, mas não se movimentava apenas com elas, também se arrastava com sua enorme barriga, de cor de sangue, um sangue vermelho escuro, apodrecido, que exalava um fedor macabro, vindo direto dos reinos da morte. O arrastar era muito mais angustiante do que o andar. E eu corri, como jamais havia corrido em toda minha vida.

Samanta caiu e recebeu um corte profundo na parte interna da coxa. Gritou de desespero e dor, admito que por muito pouco não a deixei lá. O medo que preenchia meu corpo era tão avassalador que eu não conseguia pensar direito. Exitei, parei por um momento e com forças que me eram desconhecidas consegui fazê-la correr novamente. Não importava a quantidade de sangue ou a dor que ela sentia, ela devia correr, e correr o mais veloz que seu corpo aguentava.

O andar macabro e o rastejar alienígena da monstruosidade se aproximavam e quando veio num átimo que não haveria salvação, a criatura parou de nos perseguir. Observei incrédulo aquela besta abissal urrar de ódio e fome, aquele som me deixou com os cabelos brancos instantaneamente, mas vi que ela não chegou a atravessar o pequeno regato que havíamos ultrapassado poucos instantes atrás.

Não perdemos tempo especulando sobre se seria possível ele atravessar ou não aquela corrente de água, fomos embora, mas nossas mentes estariam maculadas para sempre com a consciência da existência daquele horror, que agora vagava pela terra onde nasceram meus avós.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

As Crias de Vesta Draconis - Um conto de ficção científica

O traçado fulgurante dos torpedos de fóton riscavam aquele céu negro, pontilhado de estrelas, espantosamente brilhante e com um belo planeta verde avermelhado, repleto de fabricas e vida, como pano de fundo. A emboscada foi perfeita, nenhuma das muitas horas de cálculo haviam sido desperdiçadas. Todas as naves foram transportadas sem falhas para o sistema Plena XI e o alvo estava no lugar estimado, em tempo de cálculo de transporte, parados, graças aos vários espiões do Sefirot do Conglomerado Mainard além das fronteiras do Qlifot do Principado da Estrela da Manhã.

Como deveria ser todos estavam confiantes e assim que os motores de hiperpropulsão emitiram seus estampidos característicos da desaceleração, a uniformidade da esquadra foi verificada, a contagem e sinalização pós salto foi acionada e as comportas de torpedos e silos balísticos foram abertos. De imediato os milhares de raios de ondas coloriram o espaço com sua claridade magnificamente cegante, quase inutilizando os sistemas primários dos dez grandes transportadores de tropas que eles atingiram. Alvos grandes, lentos e fáceis, mas não menos perigosos.

Os campos eletromagnéticos que circundavam as naves de transporte se incendiavam com o choque dos raios e geravam um grandioso espetáculo bélico. Nem mesmo as auroras de Beta Antaris eram tão fascinantes, embora aquele visual era etéreo e rapidamente se desfazia, em radiação e centelhas incandescentes, apenas para preparar o terreno para receber o voleio de cargas explosivas em seus cascos enfraquecidos.

As explosões fotônicas não poderiam ser jamais descarregadas  em atmosfera planetária, não de acordo com os regulamentos assinados entre os senhores dos setores mas ali naquele espaço cósmico, geravam interferências em todos os instrumentos não mecânicos, isso tornava impraticável os saltos e impossível as comunicações convencionais entre as naves das duas frotas.

Quando os cascos dos dois primeiros transportadores racharam, expondo suas entranhas de metal, elas expeliram para o vácuo gelado e radioativo os milhares de combatentes que eles carregavam.

Muitos dos corpos daqueles homens e mulheres eram vaporizados instantaneamente quando os raios de ondas rasgavam o espaço, desintegrando as estruturas menos densas e queimando como uma fornalha radioativa contra os resquícios dos campos gerados pelas naves.

Era esplendoroso, o auge da tática, o início de uma vitória naquela batalha.

A gravidade do enorme planeta “abaixo” compunha as notas finais naquela sinfonia de luzes e explosões, atraindo para si as carcaças das enormes aves de metal e porcelana abatidos em combate.

Trinta de nossas naves da classe Leviatã não haviam sofrido qualquer tipo de avaria nos primeiros minutos do ataque. Nas naves da classe Beemote e Ziz as baixas eram mínimas, não mais do que dez naves secundárias e vinte e três terciárias.

A resposta de fogo do Qlifot veio inconstante e debilitado, com raios de ondas supra moduladas e ortogonais múltiplas, que tiveram a sorte de atravessarem sem interferência alguns dos campos eletromagnéticos de seis Leviatãs. As tripulações foram abatidas imediatamente, cozidas pelas microondas. Os heroicos tripulantes não sofreram ao padecer, pois sabiam dos riscos de sua missão. As Leviatãs afetadas remodularam mecanicamente seus campos e não tiveram seu interior aberto ao espaço, mesmo quando os torpedos do inimigo acertavam seus cascos. A tecnologia inferior do Qlifot não era páreo para nossos armamentos e defesas.

Durante aquele embate os matemáticos práticos haviam repassado as informações de posicionamento, gravidade e todas as variáveis cabíveis e importantes para o controle de armamentos. As coordenadas para os mísseis de plasma estavam calculadas e o trabalho manual dos marinheiros era extremamente coordenado. Os mísseis saíram de seus silos a velocidades enormes, mas ainda sub luz. Quando suas cargas mortais engolfaram as naves inimigas, novos sóis surgiam por vários segundos. A maior parte dos escudos deles aguentaram aquele castigo, entretanto houve o derretimento incontinênti de dois outros transportadores.

O fascínio que aquele espetáculo gerava em nossos marinheiros deve ter sido superado apenas pelo medo no coração dos atingidos pelo fogo.

E foi assim, que durante toda a primeira parte daquela emboscada que não houve reação útil contra a armada e então naquele momento, centenas de milhares de minas de quantum foram despejadas no espaço, no weltraum. Era uma tática arriscada, que havia sido prevista por nossos matemáticos com chance de acontecimento de menos de um porcento. Minas de quantum são armas incontroláveis e não tendiam a obedecer seus senhores, todavia aquelas aberrações, de alguma maneira demoníaca pareciam seguir ordens bem estruturadas. Com a atração magnética elas seguiram para a frota Sefirot

As implosões de quantum arrancavam enormes quantidades dos cascos das Leviatãs e Beemotes e praticamente engoliam as naves da classe Ziz. Nos sensores que ainda funcionavam notávamos muitos capitães desaparecerem da existência durante aquele ataque.

As armas de ondas foram recalibradas com rapidez e competência para atingirem as minas, enquanto os torpedos de fóton e mísseis de plasma, o suprassumo do armamento do Sefirot continuavam a castigar a armada Qlifot.

A almirante Vesta, que até aquele momento mostrava-se completamente confiante no desenrolar dos planos conforme traçados, fez o primeiro movimento fora da precisão matemática que era sugerida pelos estratégicos até o momento. Seus comandos fizeram jus ao nome que carregava, sua genialidade era conhecida por todos os pontos da galáxia, de todos os lados das guerras que eram travadas nesse período histórico da humanidade.

Através da comunicação mecânica as primeiras ordens foram difundidas. Os feixes de raios de todas as naves do Sefirot cessaram simultaneamente. Toda energia foi transferida para os geradores de campos. A interferência eletromagnética foi cortada e as ordens completas passadas diretamente a 10 naves Beemote e 20 naves Ziz, além de um dos enormes Leviatã.

Não houve hesitação quando as ordens foram recebidas. A comunicação entre os capitães e seus subordinados ocorreu sem demora e mais que prontamente as naves de colocaram em movimento. Em cada uma das embarcações a canção dos heróis foi cantada e seus escudos ampliados ao máximo de suas potências.

As outras naves reiniciaram o disparar incessante de raios, de torpedos e mísseis. Já os responsáveis pelo movimento fizeram um bloqueio, chamando para si todas as minas de quantum possíveis. As implosões pareciam não ter fim. Em menos de dez minutos os capitães e suas naves foram dizimados. Não havia mais minas de quantum nas proximidades. O ataque da armada do Sefirot então não teve mais limites. Não seria mais possível exterminar todos os transportadores, mas nem todos sairiam ilesos.

Um a um os gigantescos transportadores eram abatidos.

Então uma enorme boia de bolha de salto foi ativada e duas das naves do Qlifot conseguiram saltar e fugir. Era o fim da batalha.

A cena que se seguiu mostrava a força, a capacidade e a extensão do poder do Sefirot do Conglomerado Mainard. As naves entravam em formação mais uma vez e a sinalização feita para que os cargueiros de salvamento e limpeza, da classe Carniceira, viessem resgatar todo o metal e corpos das embarcações abatidas. Tudo o que não havia sido consumido pelo fogo matemático ou pela gravidade do planeta, deveria ser reutilizado ou levado para os serviços religiosos oficiais. Nossos homens e mulheres que morreram em serviço seriam velados como heróis.

Segundo estimativas mais de três milhões de soldados do Qlifot do Principado da Estrela da Manhã foi morta e não menos do que quinhentos mil membros do Sefirot perderam sua vida naquela batalha.

Em nossa nau capitânia a sagrada bandeira do Conglomerado Mainard foi hasteada, o hino do Conglomerado foi entoado alto e claro, reforçando a confiança que tínhamos na fé do  Sefirot. Ainda éramos conhecidos como os temidos Crias de Vesta Draconis, o melhor batalhão de todo o weltraum e que nossos inimigos tremam quando ouvirem nosso nome.

Cárdu Remo, jornalista oficial do sagrado Sefirot do Conglomerado Mainard.